Campanha de prevenção ao suicídio

Especialista do IPSEMG fala sobre Setembro Amarelo e prevenção


O Brasil está entre os países com maior taxa de suicídio, ocupando a 8ª posição nesse ranking segundo dados de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2014. Os números do suicídio no mundo, conforme o estudo passam de 800 mil por ano, afetando em sua maioria a população jovem de 15 a 29 anos.
 

A estatística incentivou a criação da campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo a prevenção ao suicídio e a defesa da vida. Juntos, Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) trouxeram ao Brasil a ação que acontece em setembro, já que no dia 10 é o dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Segundo Dr. Fábio Lopes Rocha, psiquiatra do IPSEMG, o desconhecimento, a vergonha e o estigma impedem que as pessoas necessitadas procurem ajuda. “O suicídio muitas vezes está vinculado com doenças psiquiátricas, particularmente a depressão e o abuso de álcool. Também é ocasionado por crises que se iniciam por perdas, separação, problemas financeiros, problemas escolares, fracassos ou adoecimento grave, em que falham os mecanismos para lidar com os fatores estressantes”. Ele ainda acrescenta que o fator de risco isolado mais importante é a existência de tentativa prévia de suicídio.
 

Dr. Fábio chama a atenção para as instituições de saúde em particular, pois entre as diversas profissões, médicos e enfermeiros têm elevadas taxas de suicídios: “Isso pode estar relacionado ao estresse dessas profissões, à disponibilidade de meios para o suicídio como certos medicamentos e, infelizmente, pode estar relacionado ao descuido com a própria saúde clínica e mental”. A pessoa com ideação suicida dá sinais aos quais é preciso estar atento. “Um comportamento suspeito aparece quando a pessoa começa a falar que a vida não vale à pena, que preferiria estar morta ou que tem pensado em suicidar-se” Também devem ser alvos de cuidados especiais pessoas frequentemente tristes, “pessimistas, desesperançosas, que se isolam dos parentes e amigos e que não conseguem levar adiante suas obrigações, sugerindo a presença de depressão”, alerta. O abuso de álcool e adversidades importantes na vida tornam a situação ainda mais grave, observa o médico.
 

Nessa situação, segundo ele, a primeira coisa a fazer é procurar conversar com a pessoa com uma atitude empática, compreensiva e sem julgamentos. “É importante ouvir mais e falar menos. A pessoa em sofrimento não deve sentir-se invadida. Também necessita confiar na discrição do interlocutor, seja um colega, amigo ou parente.” Comumente as pessoas temem conversar com alguém sobre ideias de suicídio, pois acham que assim estão encorajando-o a passar ao ato, na realidade, a pessoa que pensa em suicídio pode sentir-se aliviada, confortada e amparada. “É imprescindível enfatizar que se está disponível sempre que ela necessitar”, diz o psiquiatra, mas se o risco for elevado, a pessoa deve ser levada a atendimento profissional e ser acompanhada 24 horas por dia, até que o risco seja superado. Ele ressalta ainda que o suicídio, em grande parte, pode ser prevenido e que frequentemente está associado a momentos difíceis e a problemas psiquiátricos e, para casos assim, a abordagem adequada é fundamental para ajudar a pessoa superar. “É preciso combater o estigma que cerca o suicídio em particular e os transtornos psiquiátricos em geral, observa”.
 

Outras ações preventivas contra o suicídio elencadas pelo especialista são a implementação de políticas públicas em saúde mental e investimentos, além de treinamento de não especialistas como clínicos gerais, enfermeiros, assistentes sociais e outros profissionais na avaliação e manejo do comportamento suicida; redução de acesso aos meios de suicídio como, por exemplo, arma de fogo, certos medicamentos e pesticidas.
 

Rocha finaliza dizendo que “a conscientização de que o suicídio é um grave problema de saúde pública e o combate ao preconceito são medidas essenciais para o sucesso de programas de prevenção”.

 


* Dr. Fábio Lopes Rocha possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995) e doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (2000). Coordenador da Clínica Psiquiátrica do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (2003-), Coordenador da Pós-graduação em Ciências da Saúde do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (2002-2012). Membro Titular da Academia Mineira de Medicina. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Psiquiatria, atuando principalmente nos temas de depressão, transtorno bipolar, psicofarmacoterapia, revisão sistemática, metanálise, insônia e ensaios clínicos.
 

Publicado em 19/09/2016 13:24

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