Imunodeficiência Primária: o que é e como tratar

O que é?

A imunodeficiência primária (IDP), atualmente também conhecida por Erro Inato da Imunidade (EII), é um grupo de mais de 400 doenças congênitas e genéticas raras. Para entender melhor, o sistema imunológico das pessoas com IDP é diferente: nelas, as defesas naturais ou adquiridas do organismo são inexistentes ou não funcionam da maneira correta. Sem essas barreiras, quem tem IDP fica mais suscetível a infecções, sejam elas por vírus, bactérias ou fungos. Além disso, quem tem IDP está em maior risco de ter alergias, doenças autoimunes e inflamatórias e até mesmo neoplasias.

É comum que pessoas com IDP apresentem infecções recorrentes, como pneumonia, infecções gastrointestinais, bronquite e sinusite de repetição. Essas infecções são tratadas com os medicamentos adequados para o momento - como os antibióticos, em caso de infecções bacterianas -, porém é frequente o número de pessoas que não sabem que são impactadas por essa alteração genética, o que pode fazer com que elas não sigam os cuidados necessários, o que contribui para diminuir a expectativa de vida em decorrência dos danos ao organismo causados pelas infecções.

Tipos

As IDP são classificadas de acordo com o componente do sistema imunológico primariamente comprometido, sendo divididas em 8 grupos:

  1. Deficiências predominantemente de anticorpos
  2. Deficiências combinadas (de células T e B)
  3. Outras imunodeficiências bem definidas
  4. Doenças de desregulação imunológica
  5. Defeitos congênitos de fagócitos
  6. Defeitos da imunidade inata
  7. Síndromes auto-inflamatórias
  8. Deficiências do sistema complemento.

Causas

As IDPs são provocadas por alterações genéticas, ou seja, a pessoa com IDP já nasce com essa alteração, herdada dos pais. Porém, muitas vezes os pais - mesmo tendo o gene da imunodeficiência presente nos seus DNAs - nunca desenvolvem a doença.

Além disso, as IDPs de característica mais branda muitas vezes passam despercebidas ao longo da vida. São aquelas pessoas que apresentam sinusite ou outras infecções de repetição, são medicadas e conseguem retomar rapidamente a rotina. Essas, frequentemente, nunca recebem o diagnóstico de IDP por falta de investigação.

Fatores de risco

A doença é genética, ou seja, o maior fator de risco é herdar a mutação genética dos pais e manifestar a doença. Sabe-se que algumas das IDPs estão ligadas ao cromossomo X, então há um risco maior de homens apresentarem a doença (5:1), já que eles carregam apenas 1 cromossomo X.

A incidência das IDPs é estimada em 1 a cada 2 mil nascimentos. Estima-se que, quando se trata de crianças, cerca de metade das que apresentam infecções respiratórias de repetição são saudáveis, 30% delas têm algum tipo de alergia, 10% carregam alguma outra doença crônica e 10% podem ter a IDP.

Sintomas

O principal sintoma das IDPs são as infecções de repetição. Como o sistema imunológico é comprometido, o corpo não consegue se defender de agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos.

Pessoas com IDP costumam apresentar mais pneumonias, otites, estomatites, dermatites, episódios de sinusite, entre outras infecções. É importante saber que, embora os sinais surjam mais comumente já na infância (já nos primeiros meses de vida), existem IDPs, dentre as mais de 400 variações da doença, que podem se manifestar na vida adulta.

Recém-nascidos com IDP muitas vezes não apresentam sinais da doença, já que nos primeiros meses de vida estão mais protegidos pela imunidade transferida pela mãe durante a gestação, bem como da amamentação.

Porém, por volta do sexto mês de vida, essa proteção cai e os bebês com determinados tipos de IDP já podem passar a ter mais infecções. O diagnóstico, porém, nem sempre é simples, já que - por se tratar de uma doença rara - muitos profissionais não suspeitam dela.

Para identificar a doença, é preciso ficar atento aos 10 sinais de alerta para imunodeficiência primária em crianças, lista desenvolvida pela Fundação Jeffrey Modell.

  1. Duas ou mais pneumonias no último ano
  2. Quatro ou mais otites no último ano
  3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses
  4. Abscessos de repetição ectima
  5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia)
  6. Infecções intestinais de repetição / diarréia crônica
  7. Asma grave, Doença do colágeno ou Doença autoimune
  8. Efeito adverso ao BCG (vacina) e/ou infecção por Micobactéria
  9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada à Imunodeficiência
  10. História familiar de imunodeficiência.

É por isso que é importante prestar atenção a esses sinais, pois o diagnóstico precoce ajuda na escolha do melhor tratamento e das orientações para preservar a saúde de quem tem IDP.

Cuidados

Diferentemente de décadas atrás, a expectativa de vida de pacientes com IDP tem melhorado, principalmente por causa do fato de haver melhores condições de tratamento. É importante saber que o tratamento é individualizado, ou seja, a recomendação para uma pessoa com um tipo de IDP pode ser diferente para outra que tem outro tipo da doença, como uma versão mais grave.

O ideal, portanto, é que a pessoa mantenha acompanhamento médico, visitando seu especialista uma ou duas vezes por ano, mesmo que esteja se sentindo bem. O médico mais especializado para esses casos é o imunologista, que deve coordenar uma equipe multiprofissional de acompanhamento a esse paciente.

É importante também que a pessoa tenha acesso ao diagnóstico que identifica qual é o defeito genético responsável pela doença, pois assim é possível fazer aconselhamento genético para as famílias, bem como o diagnóstico precoce do bebê que está por nascer.

Além disso, a identificação do defeito genético responsável pela IDP torna possível o aconselhamento destas famílias e o diagnóstico pré-natal e do estado de portador do defeito.

Convivendo (Prognóstico)

Quem tem IDP deve seguir as recomendações médicas para se proteger de infecções. Com o tratamento, os pacientes podem viver uma vida normal ou próxima da normalidade, porém, a depender da IDP, é preciso um cuidado maior ao frequentar ambientes fechados e pouco arejados, pelo risco mais alto de bactérias e fungos.

Com a identificação precoce da doença, os médicos conseguem indicar o melhor tratamento e proporcionar melhor qualidade de vida a quem tem IDP.

Texto por: Redação Minha Vida.
Publicado em 06/05/2021 16:00

IPSEMG IPSEMG - Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves - Rodovia Papa João Paulo II, nº4001 - bairro Serra Verde - 3º e 4º andares do prédio Gerais
Belo Horizonte/MG - CEP: 31630-901
Todos os direitos reservados - Aspectos legais e responsabilidades, Política de privacidade  Telefones de contato