Você já sentiu a mandíbula estalando ou teve dificuldades para abrir e fechar a boca? Pode ser uma DTM (disfunção temporomandibular), ou seja, um problema que afeta a articulação que faz a junção entre a mandíbula, o osso móvel da face, e o osso temporal, que é fixado na base do crânio.
A ATM (articulação temporomandibular) possui a capacidade de realizar movimentos complexos e envolve uma combinação de abertura e fechamento semelhante a uma dobradiça.
De acordo com Rodrigues, as pessoas com DTM podem apresentar dores na região orofacial, zumbidos, estalos e limitação dos movimentos da mandíbula, como travamentos ou dificuldade para abrir e fechar a boca.
As disfunções temporomandibulares podem ser musculares e acontecem quando a musculatura da região fica tensa.
Já a DTM articular aparece devido a uma sobrecarga da articulação por traumas ou doenças. E também há casos em que ocorrem tanto distúrbios musculares quanto articulares.
"Estima-se que cerca de 75% da população possa experimentar algum sinal de DTM, mas apenas de 5 a 7% realmente precisam de tratamento, pois apresentam dor. Há um pico de ocorrência dos sintomas entre 20 e 50 anos de idade, sendo mais prevalente em mulheres", completa Rodrigues.
Principais Sintomas
Um dos sintomas mais comuns da DTM é a dor ao fazer movimentos com a mandíbula. O desconforto pode ser temporário ou durar por vários meses.
"A dor é uma das queixas mais frequentes de quem sofre com disfunções na região. Podem ocorrer dores de cabeça, no fundo dos olhos, nos ouvidos, na face ao redor das orelhas e no pescoço", destaca Maria de Lourdes Rodrigues Accorinte, presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e dor orofacial do CROSP (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo).
De acordo com a SBDOF (Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial), é bastante comum que as enxaquecas e as DTMs aconteçam simultaneamente. Nesses casos, as dores são mais intensas e a pessoa tem dificuldade para controlar os sintomas com os tratamentos disponíveis.
Além disso, os estalos ao abrir a boca também são frequentes. Quem tem DTM pode escutar como se fosse um clique ou rangido ao movimentar a articulação. E o movimento mais limitado da mandíbula pode impedir que a boca seja aberta adequadamente ou se mova para o lado.
Há casos de pessoas que sentem o rosto mais cansado ou inchado. E também é comum apresentarem dificuldades para mastigar ou a mordida não se encaixa adequadamente.
Essas disfunções podem comprometer bastante a qualidade de vida das pessoas, se não forem tratadas adequadamente. Muitos relatam cansaço ou dor na mandíbula ao acordar pela manhã, o que atrapalha a qualidade do sono.
"É comum ocorrer quadros dolorosos e limitação do movimento da mandíbula. Os pacientes podem aumentar o consumo de analgésico, ter restrição para mastigar determinados alimentos, além de apresentarem alteração de humor e até limitação no desempenho de atividades rotineiras", destaca Adriana Lira, coordenadora da SBDOF, mestre em DTM e dor orofacial pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e doutora em ciências odontológicas pela USP (Universidade de São Paulo).
Vale destacar que a disfunção temporomandibular e dor na face podem ser sintomas de outros problemas de saúde como artrite reumatoide, fibromialgia e até câncer. Sendo assim, ao sentir esses desconfortos, é importante buscar ajuda de um profissional especializado na área de DTM e dor orofacial para ter um diagnóstico correto.
Quais são as causas?
Há muitas causas possíveis para o surgimento dos distúrbios que afetam a articulação temporomandibular. Entre eles, destacam-se:
Hábitos como ficar apertando ou rangendo os dentes durante o dia (bruxismo), apoiar as mãos na mandíbula com frequência e também roer as unhas;
Diagnóstico e formas de tratamentos
Na maioria das vezes, o diagnóstico é realizado após a pessoa relatar os sintomas para o especialista em DTM e dor facial, geralmente um cirurgião-dentista. Durante a consulta, ocorre palpação da musculatura e da articulação e observação de ruídos com a movimentação da mandíbula.
Em alguns casos, solicitam-se exames de imagem como tomografia e ressonância magnética.
"Depois do diagnóstico, é importante salientar que o tratamento é indicado somente na presença de dor, sendo que pacientes com estalos assintomáticos geralmente não precisam de terapia", afirma Rodrigues.
Segundo a especialista, é importante que sejam passadas informações de autocuidado e conselhos sobre a função mandibular.
"Durante a consulta, o paciente deve ser aconselhado a realizar uma dieta com alimentos macios e comer devagar. Também deve reduzir a abertura da boca, deixar de roer unhas, mascar chicletes e realizar compressas de calor, em caso de dor".
Os profissionais podem optar por usar uma placa estabilizadora confeccionada em resina acrílica na arcada dentária superior durante a noite. Isso contribui para estabilizar a articulação e diminuir o bruxismo.
A seguir, veja outras modalidades terapêuticas indicadas para diminuir os sintomas de DTM:
Fisioterapia: algumas massagens e exercícios físicos direcionados, além de aplicação de calor, podem ser benéficos para alguns casos. Técnicas de crioterapia (com baixas temperaturas) também podem ser aplicadas na face e região cervical para reduzir inchaços, inflamação e espasmo muscular.
Medicamentos: os mais utilizados são analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, antidepressivos e ansiolíticos para controlar a dor e o mal-estar.
Acupuntura: a técnica é realizada em pontos específicos na face, podendo reduzir a dor local causada por DTMs de origem muscular e aliviar o estresse.
Toxina botulínica: conhecida como botox, a aplicação da substância inibe a liberação de um neurotransmissor chamado de acetilcolina na articulação, diminuindo a contração muscular. A redução do tônus muscular diminui a dor e é indicada para controlar a hiperatividade dos músculos da região.
Quando é indicada a cirurgia?
Raramente, os especialistas indicam a cirurgia para tratar a DTM. É uma opção apenas quando os outros tratamentos não surtem efeito.
Geralmente, são indicadas em casos graves de problemas degenerativos, para remodelagem ou reconstrução da articulação para restaurar o movimento mandibular e mitigar a dor.
"A cirurgia tem indicação precisa e em casos específicos como fraturas e presença de tumores, por exemplo. Tratamentos clínicos conservadores bem conduzidos são sempre superiores às opções cirúrgicas, nos casos de DTM", finaliza Lira.
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